Nada há exactamente de novo nesta abreviatura de letras que representam esta Plataforma Aberta… na verdade, PAIDEIA, era o "processo de educação na sua forma verdadeira, a forma natural e genuinamente humana" na Grécia antiga.

(Werner Jaeger, 1995).

terça-feira, 24 de abril de 2012

Revisitando a História…

Inicialmente, a palavra paidéia (de paidos - criança) significava simplesmente "criação de meninos". Mas, como veremos, este significado inicial da palavra, está muito longe do elevado sentido que mais tarde adquiriu.
O termo também significa a própria cultura construída a partir da educação. Era a imagem conceptual de ideal educativo que os gregos cultivavam do mundo, para si e para sua juventude.
Uma vez que o governo-próprio, (no sentido de projecto de si) era muito valorizado pelos gregos, a Paidéia combinava ethos (hábitos) que o fizessem ser digno e bom, tanto como governado quanto como governante. O objectivo não era ensinar ofícios, mas sim treinar a liberdade e nobreza.

Paidéia também pode ser encarada como o legado deixado de uma geração para outra na sociedade.
Um pedagogo - um escravo, na época - conduzia o jovem, com sua lanterna ilumina(dor)a, até aos centros ou assembleias, onde ocorriam as discussões que envolviam pensamentos críticos, criativos, resgates de cultura, valorização da experiência dos anciãos etc.
Supõe-se que, no processo sócio-histórico, esse mesmo pedagogo libertou-se, adquirindo progressiva e competencialmente uma emancipação, talvez por tanto dialogar nos sucessivos acompanhamentos do jovem até as assembleias, tornando-se assim, um personagem da paidéia, e seu consuma(dor).
Mas, se até então o objectivo fundamental da educação era a formação aristocrática do homem individual como Kalos agathos ("Belo e Bom"), a partir do século V a. C., exige-se algo mais da educação.

Para além de formar o homem, a educação deve ainda formar o cidadão. A antiga educação, baseada na ginástica, na música e na gramática deixa de ser suficiente.
É então que o ideal educativo grego aparece como PAIDÉIA: uma formação geral que tem por tarefa construir o homem, como homem e como cidadão. Esta noção pretende ser no sentido Holístico, expansor e de desenvolvimento ético-moral e cívico, no sentido da justiça e da dignidade.
Platão define paidéia da seguinte forma "(...) a essência de toda a verdadeira educação ou paidéia, é a que dá ao homem o desejo e a ânsia de se tornar um cidadão perfeito e o ensina a mandar e a obedecer, tendo a justiça como fundamento" (cit. in Jaeger, 1995: 147).
Do significado original da palavra paidéia como criação de meninos, o conceito alarga-se para, no século IV a.C., adquirir a forma cristalizada e definitiva com que foi consagrado como ideal educativo da Grécia clássica.

Como diz Jaeger (1995), os gregos deram o nome de paidéia a "todas as formas e criações espirituais e ao tesouro completo da sua tradição, tal como nós o designamos por Bildung ou pela palavra latina, cultura." Daí que, para traduzir o termo paidéia "não se possa evitar o emprego de expressões modernas como civilização, tradição, literatura, ou educação; nenhuma delas coincidindo, porém, com o que os gregos entendiam por paidéia. Cada um daqueles termos, limita-se a exprimir um aspecto daquele conceito global. Para abranger o campo total do conceito grego, teríamos de empregá-los todos de uma só vez." (Jaeger, 1995: 1).

Na sua abrangência, o conceito de paideia não designa unicamente a técnica própria para, desde cedo, preparar a criança para a vida adulta. A ampliação do conceito fez com que ele passasse também a designar o resultado do processo educativo que se prolonga por toda vida, muito para além dos anos escolares.
A paidéia, vem por isso a significar "cultura entendida no sentido perfectivo que a palavra tem hoje entre nós: o estado de um espírito plenamente desenvolvido, tendo desabrochado todas as suas virtualidades, o do homem tornado verdadeiramente homem" (Marrou, 1966: 158).

Ainda a perspectiva de Paideia numa actualidade do século passado (1900 e 2000)
Mortimer Adler (1902-2001) - um filósofo norte-americano aristotélico e escritor - tenta, com sua produção científica, resgatar a paidéia hoje, na nossa contemporaneidade.
Ele destaca a importância de ler, estudar e apreender as ideias dos grandes pensadores, e a vida toda, lutou por isso. Adler também promoveu a idéia de que a filosofia deveria ser integrada com a ciência, a literatura e a religião. Em 2000, Adler converteu-se ao Catolicismo Romano e foi batizado. O filósofo é o criador do conceito de Grande Conversação.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

terça-feira, 1 de junho de 2010

                           Há algum tempo atrás, alguns de nós acreditaram que seria possível encontrar um espaço   e tempo cronológico e emocional... interessaram-se, uniram esforços e atenções em torno da Educação Emocional.... e nasceu a PAIDEIA


  PORQUE GOSTO…

Assuma-se, com a necessária humildade, que construímos os nossos referenciais daquilo para que temos apetência - como quando dizemos vulgarmente “gosto” - com base nos nossos estados emocionais. Na prática, se vivermos emoções de polaridade positiva relativamente a um contexto, vamos querer repeti-lo. Por oposição, teremos tendência a rejeitar as vivências, comportamentos pessoais ou objetos que - por serem percebidos como estímulos emocionalmente competentes de caráter negativo – nos remetem a um estado de corpo negativo, por terem emergido de emoções de polaridade negativa. Poderemos fazer um esforço para memorizar, selecionar e racionalizar, mas na base, “… o aspeto que define os nossos sentimentos emocionais, é a análise consciente dos estados corporais modificados pelas emoções, e é por esse motivo que os sentimentos podem servir de barómetros da gestão da vida.” (Damásio, 2010: 80). Esta evidência científica, deixa toda a pertinência para a emoção, e portanto para a Educação Emocional.
Veiga-Branco, A. (2012). Educação Emocional, um contributo para a Gerontologia (cap. 21) in Pereira, F. Teoria e Prática da Gerontologia. Um Guia para Cuidadores de Idosos. Viseu. Psicosoma.


A Emoção como um atribuidor de sentido

Mas, para deixar claro que as emoções dotam os humanos da capacidade de “atribuição de sentido”, é necessário refletir acerca do quanto estes fenómenos são essenciais, já que, e mais do que isto, «as emoções constituem o enquadramento da própria racionalidade, no sentido de que permitem ao sujeito “estar sintonizado” com o mundo» (Marques-Teixeira, 2003: 49), numa perspetiva holística, que se manifestam através das suas qualidades específicas, e que tanto o humor como as emoções - o que aqui interessa evidenciar – matizam as nossas experiências. Ainda segundo este autor, não só não podem considerar-se «intrusões ou interrupções na nossa objetividade racional», como é um facto que «uma emoção é estruturada por conceitos e juízos, a maior parte deles aprendidos (pelo menos nos seus detalhes e aplicações) e está envolvida numa estratégia de autopreservação física e psicológica», fenómeno racional e emocional, que se observa em todas as idades, e nos idosos em particular.

Veiga-Branco, A. (2012). Educação Emocional, um contributo para a Gerontologia (cap. 21) in Pereira, F. Teoria e Prática da Gerontologia. Um Guia para Cuidadores de Idosos. Viseu. Psicosoma.

Esta é a Equipa da Direcção da PAIDEIA